quinta-feira, agosto 31, 2006

O alienígena

Tocou, e havia pele. E impregnou sobre toda a superfície. E desta vez não conseguiu arrancá-la. Ou talvez não quisesse.

9 comentários:

Anônimo disse...

Há mais ou menos 1 mês atrás eu estava voltando a pé para casa. Parei no sinaleiro, esperando fechar. Tinha um cara do outro lado da rua, ele estava com uma cara de "visitante". Um olhar meio perdido, distante, como se ele estivesse, mas não fosse. Eu fiquei meio intrigada com aquele cara. Ele parecia não notar, ou nao se importar com as coisas que aconteciam à volta dele. Como se achasse que nada tem importância, que há outras coisas que têm uma importância maior. O sinaleiro fechou e eu atravessei a rua. Mas ele não. Ficou parado, estático, neurastênico. Eu continuei andando, mas olhava para trás a cada instante para ver se ele ainda estava lá. E até onde eu pude vê-lo, ele ficou no mesmo lugar. Os carros parravam e businavam pra ver se ele voltava à realidade, mas ele nem se dava conta. Porque era maior que todos aqueles vermes indigestos. Era melhor. E eu fiquei pensando no cara por inúmeras noites insones. Será que algum dia ele voltaria? Eu prefiri nunca mais passar por aquela rua e acreditar que ele ficaria para sempre naquele espaço-tempo tão singular. Eu quero acreditar que ele ainda está lá, que ele não é um maltrapilho que estava prestes a vomitar a cachaça que lhe forrava o estômago, que ele é diferente, que ele é mais que humano. Mas, no íntimo das minhas funções cerebrais, eu sei que uns 20 segundos depois de eu deixar de vê-lo ele caiu no canto da calçada, vomitou a pinga, a bílis, e, quando nao havia mais nada, ele vomitou a si mesmo. Vomitou o seu cérebro. A sua alma. Caiu por cima de si mesmo e ficou lá, apodrecendo, até a tontura passar e os espirais irem embora. Até ele poder fazer de conta que está bem. Ou ele pode ter ido para uma casa que ele não gosta, com pessoas que ele despreza e fingir que está tudo bem, que ele nunca fugiu da realidade, que ele não está rumando para o vazio (você se lembra disso, thiago? o vazio?). Ou ele foi viver a sua vidinha animal com as suas necessidades animais. Ou ele pode, ainda continuar o seu papel figurativo no melodrama humano, sempre apático, sempre estático... Neurastênico. Mas eu não quero saber dessas coisas. Eu vou continuar no meu sonho, na minha fantasia infantil. E nunca mais quero saber da rua. De nada de lá. Nem das mortes, nem dos caras desatentos que foram atropelados. Poque eu quero guardar aquela pessoa do jeito que eu a conheci. Sublime. Ele e a sua linguagen incompreensível. Ele e a empatia. Só quero saber do cara se for do jeito que ele se mostrou a mim. Se eu deixar de acreditar nisso, as coisas perdem o sentido. Se eu acreditar nas coisas coerentes, eu acho que morro. Mas ainda assim, a parte mais pueril que eu guardo, a mais inteligente, bonita, piscante e neon que eu tento esconder acredita SINCERAMENTE que o homem está lá. Mesmo que isso não faça sentido, ela tem quase certeza disso. E, subitamente, eu senti saudades. E eu comecei a chorar.
Me diga, thiago, talvez você saiba: ele ainda está lá?

Anônimo disse...

Parece texto de corrente de email, mas não é.

Unknown disse...

Talvez não achasse a pele. Ou talvez ela não existisse.

Unknown disse...

não, trepanações são legais. Mas eu prefiro lobotomia....

Unknown disse...
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Unknown disse...

Lembra do pirulido de boca, thiago?? Era tão bomm.... Estava lembrando hoje à tardinha...

Andressa M disse...

só passei pra dá um oi...

Andressa M disse...

oi.

Andressa M disse...
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